Fui passar o final de semana e o feriado numa praia paradisíaca. Boa parte do tempo passei num bar na praia.
Noiva e noivo jovens e inspiradíssimos decidiram fazer uma cerimonia de casamento no tal bar, em frente ao mar, com início ao nascer da lua cheia. Imaginou? Eu imaginei. De cinema! Um bom começo.
Estávamos tomando umas, conversando, e observando os preparativos: cava buraco, enfia bambu, estica lycra, traz flores, monta som, carrega arranjos florais... aquela azáfama (de vez em quando me permito)!
Eu entendo de cerimonias de casamento tanto quanto entendo de atracação de navios. Mas notei que os preparativos avançavam e ninguém removia uma pedra que encontrava-se naquele que parecia ser o triunfal caminho da noiva.
Ao longo do tempo a gente vai ouvindo falar a respeito de rituais em cerimonias. Tem coisas que são meio esquisitas pra quem não tem a cultura, ou não está no espirito. Dei uma pesquisadinha.
Descobri que a familiar chuva de arroz foi importada da China, onde o grão era símbolo de fartura. Jogar arroz sobre os noivos inicialmente era uma demonstração de fartura, e depois passou a significar o desejo de trazer fartura para a vida do novo casal.
Nas cerimonias ortodoxas os gregos quebram pratos pra desejar alegria e prosperidade aos noivos. Também costumam jogar amêndoas e dinheiro sobre o casal, para desejar-lhe doçura e riqueza.
A religião judaica ensina que mesmo em momentos felizes é necessário lembrar os momentos de tristeza, então na cerimonia de casamento o noivo quebra uma taça, lembrando a destruição do Templo em Jerusalém.
Começamos a conjecturar se a tal pedra faria parte de algum ritual daquela cerimonia. Talvez a noiva devesse simular tropeçar e quase-cair, simbolizando que num casamento as pessoas estão sujeitas a tropeços e correções de rumo, ou poderia significar que um casal deve aproveitar os tropeços para improvisar e seguir adiante. Talvez o noivo também participasse, evitando que a noiva caísse, esta ultima performance sendo mais teatral, porém de simbologia menos interessante.
Nas nossas elocubrações lembramos de Drummond:
"
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
"
Esquecemos da pedra, transitamos por outros assuntos. Quando fomos embora, a pedra continuava no mesmo lugar.
Eu soube de fonte segura que a pedra foi retirada antes do início da cerimonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Solte o verbo!