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quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Profissões

Decorria o ano da graça de 2001 quando Greyce foi demitida da loja. Pegou o dinheiro da rescisão, mais algum emprestado com a mãe, e um pequeno patrocinio conseguido com o avô, tirou o passaporte, comprou a passagem, combinou tudo com Michele. Marco levou-a ate Guarulhos, ela quase perdeu o vôo com destino ao Galeão. Poucas horas depois estava cochilando num tranquilo vôo RG8704.

Michele aguardava ansiosa no desembarque internacional. Foram dividir o quarto que a amiga alugava num apartamento onde moravam outros 4 brasileiros, todos de São José. O primeiro trabalho foi numa "pastelaria". Muito serviço, ela acordava muito cedo, o dinheiro era pouco.

Na pastelaria conheceu Nuno. O rapaz trabalhava com o pai em uns stands de jogos na Feira Popular de Lisboa. Greyce foi conhecer a Feira, e foi conhecendo o Nuno. O negocio ia bem, como demonstravam a quantidade de gente que circulava por lá, e tambem o "Bê Eme" do Nuno. Para sorte da Greyce, a ex-namorada do moço, que trabalhava por la como ajudante, arranjou um emprego num escritório e pediu demissão. O Nuno quis ajudar a Greyce; conversou com o pai, e fez uma proposta à menina. Ela topou.

Greyce arrumava garrafas, apanhava argolas, entregava premios, buscava lanches, e pegava caronas com o Nuno. Trabalho fácil e divertido. Uma das suas funções era peculiar. Três vezes por dia ela ficava sentada numa cadeirinha, a qual na realidade era uma pequena plataforma basculante. A tal plataforma ficava em cima de um tanque com água, e embaixo de um alvo. Quando a pontaria dos clientes não estava grande coisa, ela levava umas inconsequentes boladas. Greyce não gostava se via que o cliente estava mirando nela, e não no alvo, mas levava na boa quando o engraçadinho era bonitinho. A situação era menos engraçada pra ela quando um jogador acertava na mosca: a plataforma basculava automaticamente, e ela caía de uma altura de mais de 1 metro, dentro do tanque!

Até hoje não sei qual é a denominação desta função profissional. Novas profissões estão sempre surgindo, o mundo é assim, e o mercado de trabalho também. Os empreendedores são muito criativos, ou têm uma certa capacidade de copiar e adaptar, ou ambos, e a sociedade vai evoluindo, as pessoas seguem trabalhando como podem.

Antigamente tudo era mais simples. Quando alguém dizia que era médico, a gente sabia razoavelmente do que se tratava. Atualmente algumas pessoas têm grande dificuldade em explicar como ganham dinheiro, geralmente devido a ignorância nossa, mas, de qualquer forma, isto indica que ocorreram mudanças.

Por exemplo, hoje em dia há quem compre e venda utensílios que não têm existencia material. Tenho dificuldade em lidar com o conceito de utensílio imaterial. Uma limitação minha, obviamente. Por outro lado, e graças a Leminski, adoro o verbete "inutensílio"...

Greyce já nao trabalha na Feira Popular. Eu não sei bem o que ela anda fazendo, mas ela diz que não acorda cedo, o dinheiro é bom, o serviço é divertido, e raramente fica muito molhada.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Primogênitos.

Quando meu irmão nasceu, passei 3 dias internado. Eu tinha febre alta, dores no corpo, diarréia e vômitos. O diagnóstico era incerto, pois ainda não era moda atribuir tais quadros a viroses. Quando me dei conta de que não iria conseguir que o recém-chegado morresse ou fosse devolvido, me curei. Até hoje sinto que ele fez uma tremenda sacanagem comigo. Ele simplesmente desorganizou o meu mundo, assim, de repente, sem qualquer acordo ou composição. Naquela época eu ocupava, há 5 anos, o discreto cargo de Rei do Universo, e percebi que seria deposto. Eu era o único filho de uma adorada filha única. A coisa era tão boa que, eu já adolescente e mesmo dividindo as atenções com o caçula, minha avó cortava queijo e doce em cubinhos, arrumava num pratinho em pares com tamanhos próximos, enfiava muitos palitinhos, e levava pra mim. Até hoje meu irmão não entende porque eu o maltratei enquanto pude, e não me perdoou. Nisso estamos quites.

Uma amiga, 37 anos, tem um único filho de quase 1 ano. O progenitor não mora com eles. Na casa moram outras 4 mulheres, nenhum homem, e nenhuma outra criança. O menino tem avós, e ainda umas 18 “tias”, amigas ou parentes da mãe, a maioria sem filhos. O sacaninha é lindo, super-simpático e muito carismático! Alguns de nós adivinhamos onde isto tudo vai levar, e portanto defendemos a criação do que chamamos “Fundo para a Promoção da Saúde Mental de Júnior” - FPSMJ. Abriríamos uma conta corrente, na qual faríamos depósitos periódicos, de acordo com a disponibilidade de cada um. Através de um documento, vincularíamos a utilização dos fundos ao pagamento de despesas com a promoção, manutenção ou recuperação da saúde mental do jovem que é objeto das nossas preocupações. Despesas com psicólogos infantis, psicoterapeutas conservadores, e medicamentos de tarja preta seriam pagas com recursos do FPSMJ. Prevejo alguma discussão no seio da nossa comunidade a respeito de o Fundo poder ser utilizado para custear de pares de tênis de 300 Dólares, maconha, garotas de programa, terapias alternativas, astrólogos, cocaína, telefonemas de 2 horas de duração para a namorada que estará passando um tempo em Melbourne, e tarólogos, provavelmente nesta ordem cronológica. Nota: propor a criação de um conselho deliberativo e/ou comissão de ética. Uma outra corrente preconiza providenciar, com urgência, um irmãozinho ou irmãzinha. Quanto a esta alternativa, minha amiga admite ter certas dificuldades. Mas eu tenho visto progressos.

Lúcia Helena foi a primeira. Uma princesinha, o verdadeiro amor da vida do pai, este um pobre homem cheio de dinheiro. Outros 2 filhos vieram. Lúcia estudou em colégio católico, andou de ônibus pela primeira vez aos 16 anos, fez ballet. Quando finalmente conseguiu permissão pra namorar, tentou que os namoradinhos convivessem com a família. Hoje ela ri das situações que os pobrezinhos enfrentaram, mas na época não houve humor possível. Foi fazer Medicina na Unicamp. Cursou durante 2 anos, o pai já sonhando com a futura clínica na velha casa de Brotas. Um dia telefonou ao pai e disse que estava abandonando o curso. O pai berrou, chantageou, ameaçou, passou mal, etc. Então percebeu que por telefone não estava funcionando, e foi a Campinas coagir pessoalmente. No apartamento encontrou Esther, e uma carta destinada a ele. Ali, muita novidade, e um número de telefone da capital. Pai e filha encontraram-se no dia seguinte, num McDonald’s. Desde então viram-se pouco. Além de São Paulo, Lúcia morou em Cambridge, Bruxelas e Sevilha. Hoje trabalha como tradutora, e se apresenta como “Lucy”. Tem uma filhinha de 6 ou 7 anos, e vive com sua companheira, Gema, uma espanhola de parar qualquer trânsito. Há dias me mandou um e-mail; o tom carinhoso de sempre, e animadíssima com seu novo affair, um bailarino queniano. Quando vem a Salvador, Lucy fica com Tia Nice, uma irmã da mãe. O pai ainda mora na Vitória, sem vista pro mar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

domingo, 26 de agosto de 2007

Crianças e livros.



Crianças em contato com livros. Pai e mães participam. Os primeiros têm sorte em malhar a imaginação, ao inves de pedir esmolas; os ultimos têm sorte em conviver com os primeiros naquela situação, e em terem oportunidade de viver momentos ludicos em meio a vidas atarefadas, estressantes, etc. Uns aproveitam melhor do que outros.

sábado, 25 de agosto de 2007

Um olhar diferente.



Estava amanhecendo, e esta é a cortina do meu quarto. Favor posicionar a cabeça a 90 graus, inclinando-a para a esquerda. Eu estava deitado.

Na realidade aí ha 2 cortinas, "uma por detras da outra". A cor daquela que está mais proxima do vidro da janela é alguma coisa entre cor-de-laranja e cor-de-abobora. A que é visivel a partir do interior do quarto é azul clara. A azul é utilizada normalmente, enquanto a outra geralmente fica "encolhida".

A certa altura herdei a cortina de cor dificil, entao decidi aproveita-la pra melhorar as minhas chances de dormir quando houvesse luz do dia.

Trata-se de uma imagem interessante, de algo banal. Convém tentar olhar assim de vez em quando.

Demonstrações

Utilizei a camera do celular e tirei uma foto da senhora minha mãe. Publiquei a foto num blog.

O objetivo era mostrar a ela que é possivel publicar num blog diretamente a partir daquele aparelhinho. De vez em quando procuro informa-la a respeito das possibilidades ligadas a internet, e-mail, celulares, cameras digitais, iPods, etc. Acho importante.

Quando mostrei a ela a foto na tela do computador, e disse que a foto ja estava na internet, ela perguntou:

"- Assim, direto, sem nenhuma conexão?"

Eu: "- É."

Ela:
"- Ótimo. Só é ruim quando dá defeito. Quanto mais desenvolvida a tecnologia, pior pra consertar."

Foi um comentário típico. Ela é, no minimo, pessimista. Sempre diz que alguma coisa não vai dar certo, que não vai funcionar, que a seleção brasileira vai perder o jogo, que é melhor não arriscar isto ou aquilo, que a situação vai piorar, etc.

Triste.