A diferença fundamental entre os jovens e os mais velhos é a maneira como cada um encara a própria mortalidade.
Os jovens, mesmo sabendo racionalmente que todos nós deixaremos de existir, no fundo não sentem isso no coração, pois pensam que têm todo o tempo do mundo e a vida é uma grande virtualidade, a ser usufruida e explorada. São jovens, afinal: bonitos, petulantes, cheios de energia e toda a vida pela frente. Por isso eles perdem tempo em becos sem saída e se permitem experimentar muito e tomar muitas decisões erradas. Permitem-se serem indecisos, entusiastas, caprichosos, orgulhosos, impetuosos.
Os mais velhos já sabem (e sentem) que são mortais e têm de aprender a viver com o inevitável: eles vêem os pais e os avós morrerem, viram o colega de faculdade mais brilhante se suicidar e um parente querido morrer de overdose. Sentem a idade no corpo e na alma, aprenderam a ser humildes com os próprios defeitos e generosos com os erros dos outros. Eles são experientes, cuidadosos, humildes, objetivos e tolerantes.
Os mais velhos já foram jovens, já tomaram decisões erradas e já experimentaram também. E agora colhem os frutos: amargos dos erros e doces dos acertos. Eles têm um senso de urgência que os jovens não têm, e não perdem tempo em situações que sabem não serem adequadas a eles; são diretos, francos e objetivos na busca de seus desejos.
Os mais jovens condenam os mais velhos, pois os primeiros ainda não cometeram os erros dos segundos; e os mais velhos se exasperam com os jovens, pois os segundos estão cometendo os erros que os primeiros já fizeram e sabem qual o resultado.
Pois é, Guto: "pois toda idade tem prazer e medo..." (Frejat? acho que sim).
ResponderExcluirE eu pensando que ninguém lê meus textos. O pior é que o único leitor que se dignou a comentar não se identificou...
ResponderExcluirBy the way, o único medo que eu tenho é de que o céu caia na minha cabeça.
ResponderExcluirSim, sem dúvida, jovens vivem agora, agora e agora....se soubéssemos que o antes e o depois formam o agora...seria mais fácil e tranquilo viver!
ResponderExcluirDepois de muita conversa e muita observação de gente jovem, eu melhorei minha percepção e matizo meu texto. Existe sim gente jovem que percebe a sua própria mortalidade, mesmo que difusamente; eles também têm algum senso de urgência. Mas estes são os raros, são os que se preparam para o futuro e constroem algo.
ResponderExcluir