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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago morreu







Clique aqui pra ouvir um outro discurso. Vale a pena. Aliás: transcrevo um trecho, a seguir:

Cegos - o aprendiz pensou - estamos cegos. E sentou-se a escrever o ensaio sobre a cegueira, para recordar a quem o viesse a ler, que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida; que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo; que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais; que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante. Depois, o aprendiz, como se tentasse exorcizar os monstros engendrados pela cegueira da razão, pôs-se a escrever a mais simples de todas as histórias: uma pessoa que vai à procura de outra pessoa. Apenas porque compreendeu que a vida não tem nada mais importante que pedir a um ser humano: procurar outra pessoa.

O livro chama-se "Todos os Nomes". Não-escritos, todos os nossos nomes estão lá. Os nomes dos vivos, e os nomes dos mortos. Termino: a voz que leu estas páginas quis ser o eco das vozes conjuntas das minhas personagens. Não tenho, a bem dizer, mais voz que a voz que elas tiveram. Perdoai-me se vos pareceu pouco, isto, que para mim é tudo. Muito obrigado.


*
Pra ver vídeos a respeito de Saramago, clique aqui.

Ah! Paulo Coelho está bem de saúde.

Agradecimentos a Guilherme.

2 comentários:

  1. A primeira notícia é lamentável. A segunda é boa. Pior será o culto ao mago, este último, de uma auto-ajuda pobremente alicerçada em lugares comuns. Por outro lado, é preciso aceitar-mos que há quem os frequente, a esse lugares e a essa leitura, a qual em nada me sara. Mas outros têm outros males.

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  2. Saramago ainda está vivo. Paulo Coelho é que morre a cada instante que nasce alguém inteligente.

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