Em pouco menos de três meses, já são mais de 32 mil casos de dengue na Bahia, com 29 óbitos confirmados. O número representa grande risco para a população do Estado e tende a aumentar, pois – conforme a Superintendência de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) – 99% dos municípios baianos têm a presença do mosquito Aedes Aegypti e 272 (65%) cidades baianas tiveram notificação da doença. Ontem, médicos infectologistas se reuniram em um seminário realizado no auditório do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) e deram mais um alerta: é provável que um 4º tipo da doença, a variante DENV-4 proveniente da Venezuela, apareça no Estado.
Na Bahia, são três os tipos de dengue registrados. O 4º tipo não é identificado no Brasil desde 1982. Porém, conforme um artigo publicado na edição de abril da revista científica "Emerging Infectious Diseases", assinado por uma equipe de pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, o tipo 4 do vírus da dengue está de volta ao Brasil. A variante DENV-4 já foi encontrada em exames realizados em Manaus (AM), o que deixa em alerta todo o País, já que a infestação de uma variante do vírus não pode ser prevista ou impedida, por conta da movimentação de pessoas.
A superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Sesab, Lorene Pinto, disse ontem – durante palestra realizada no auditório do (HGRS) – não descartar a ocorrência da dengue tipo 4 na Bahia. Segundo ela, o tipo 4 do vírus da dengue é comum na Venezuela e os registros em Manaus só fazem aumentar o alerta diante da possibilidade da ocorrência de uma nova variante do vírus em território baiano.
Conforme último boletim epidemiológico, divulgado no início da tarde de ontem pela Sesab, do primeiro dia deste ano até a terceira semana de março foram notificados 32.306 casos de dengue na Bahia, o que representa um aumento de 305% em relação ao mesmo período do ano passado. Quanto as formas mais graves da doença, já foram registrados 623 casos suspeitos em 81 municípios baianos. Destes, 248, em 48 municípios, foram confirmados como casos graves de dengue, o que ocasionou 29 mortes. De acordo com o boletim, ainda outros 36 óbitos estão sendo investigados.
O boletim aponta para um crescimento no número de casos em alguns municípios, Salvador, Jacobina, Irecê e Ilhéus, o que leva a uma tendência crescente da linha do estado. No entanto, nos municípios em que as situações de surto chegaram a grandes proporções, como Jequié, Itabuna e Porto Seguro, a tendência tem sido o decréscimo dos casos. A Sesab destaca ainda que "ainda estamos no período de maior ocorrência da doença".
De acordo com Lorene Pinto, a Sesab tem se preocupado ainda com uma outra questão: o grande número de casos de dengue registrados nas crianças. Os menores de 15 anos representam 60% dos acometidos pela doença em todo o Estado. A superintendente de Vigilância e Proteção à Saúde da Sesab destacou também que é preciso um empenho da população para que a dengue possa ser combatida, pois em alguns municípios 90% dos criadouros do mosquito da dengue foram identificados em reservatórios de água. Segundo ela, "as ações do poder público não substituem as ações individuais".
O boletim epidemiológico informa que foram processadas 3.411 amostras para sorologia, das quais 63% foram consideradas positivas. No trabalho, foram isolados três sorotipos, descritos como DENV-1, DENV-2 e DENV-3, sendo que a predominância foi do DENV-2, apresentado em 95% das 765 amostras processadas para isolamento viral.
A DENV-4, que ainda não aparece entre as amostras analisadas, não representa nenhum sintoma que o torne, exatamente, mais grave que os outros. A preocupação, no entanto, é a exposição da população a mais uma variante da doença. O alerta, neste caso, é quanto às chances de os indivíduos terem dengue novamente, já que as estatísticas comprovam que as chances de o paciente ter dengue grave aumentam conforme o número de vezes em que foram infectados por um tipo diferente do vírus.
De acordo com estudos relacionados à dengue já realizados, no primeiro contato com a doença, um adulto tem 0,2% de chance de desenvolver uma versão grave. No segundo contato, o número salta para 2% de chance e, em um terceiro, a chance de um agravamento da doença chega a 10%. O que parecem percentuais pequenos significa dizer que em um cidadão a variação das chances de desenvolver uma dengue hemorrágica fatal varia 500% da primeira vez à terceira em que o indivíduo é infectado e um 4º tipo da doença torna essas chances ainda maiores.
(Matéria de Lorena Costa publicada na Tribuna da Bahia online em 30/03/2009)
Para mais informações e atualizações, acesse:
- http://www.saude.ba.gov.br/comitedengue/
e
- http://www.entomologiabahia.com/dengue/ .
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