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quarta-feira, 3 de março de 2010

O retorno de Davi

Davi de Michelangelo retorna à Florença danificado, após ter passado seis meses em Nova Iorque

Xico Chavier e Maria Adir Higir


Uma das esculturas mais célebres do Renascimento, o Davi de Michelangelo, finalmente retornou a Florença, após ter ficado em exposição por 6 meses no Metropolitan Museum of Art (Museu Metropolitano de Arte), em Nova Iorque. A famosa estátua tornou-se o centro do que pode vir a tornar-se um incidente internacional. Ocorre que a obra esculpida por Michelangelo voltou seriamente danificada. 

Desde a sua criação, a escultura sofreu várias agressões: além dos protestos e tentativas de cobri-la com uma tanga, há 500 anos, os florentinos receberam-na com pedradas e, em outra ocasião, um banco foi arremessado contra ela por desordeiros. Segundo os especialistas em restauração, nenhuma agressão foi tão danosa quanto as que sofreu recentemente nos Estados Unidos.


O Davi de Michelangelo após ter voltado dos EUA. Foto: Marco Sanges

A estátua voltou dos Estados Unidos pesando 12.800 kg (28.160 lbs). Neste momento discute-se restauração da obra, em meio a muita polêmica a respeito do método a ser empregado. A restauradora Agnese Parronchi, que esteve responsável pela empreitada, pretendia utilizar uma técnica de lipoescultura, mas demitiu-se devido a divergências no grupo em relação ao método de trabalho. É provável que a responsabilidade passe a ser de outra italiana, Cinzia Parnigoni, restauradora adepta da cirurgia escultoplástica.

"Nenhuma restauração dará à obra o aspecto de quando foi realizada pelo artista. O tempo, a história, e esta temporada nos Estados Unidos deixaram suas marcas e nada irá apagar isso", avalia Fátima Faria Gomes, especialista em museologia, conservadora e restauradora de bens culturais em São Paulo. "Nenhum processo de restauração é absolutamente inofensivo e cabe ao restaurador, após exames minuciosos do estado da obra e considerando custos e benefícios dos vários métodos possíveis, optar pelo método que cause menos danos", afirmou a restauradora brasileira. No caso do Davi, Fátima diz que os dois métodos propostos têm prós e contras e seria muito complicado avaliar o melhor à distância, sem ver a obra. "Nós temos o dever de respeitar essa situação. Como restauradores, devemos ter consciência de que o nosso papel é apenas o de permitir, com interferências mínimas, que a integridade e a leitura da obra sejam mantidas, não só para o deleite, mas para a pesquisa e o conhecimento de nossa história, em todos os sentidos", conclui a museóloga.

Enquanto durar a difícil restauração, uma cópia da escultura será exibida na Galleria dell'Accademia.  

As autoridades da comuna de Florença já formalizaram sua posição junto ao Conselho Provincial, e pretendem exigir do Metropolitan a reparação dos danos causados. A assessoria de comunicação do museu ainda não se pronunciou. Em recente comunicado à imprensa, a American Fast Food Association declarou que o assunto não lhe diz respeito, apesar de a visita ter sido patrocinada por quatro dos seus mais importantes membros.


MARCO DE FLORENÇA A estátua de Davi ficou pronta em 1504 e esteve exposta em frente ao Palazzo Vecchio até 1873, quando foi transferida para o interior da Galleria dell'Accademia, para protegê-la de desgastes. Desde 1910, uma réplica marca a entrada do palácio. As proporções quase perfeitas da escultura original podem ser admiradas neste museu, que recebe mais de 1 milhão de visitantes por ano.




Agradecimentos a Maria Carolina Aguiar.

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