Há uma forma simples de verificar se algo é um boato. Basta ir ao Google e teclar algo como gm "bill gates" hoax OR boato . Note que a parte hoax OR boato é constante. Os demais termos terão a ver com o assunto que se deseja esclarecer.
Há sites que se ocupam de expor boatos, lendas da internet, e hoaxes. O http://e-farsas.com/ é um deles.
Quando simpatizo muito com um boato, passo-o adiante após fazer algumas modificações. Mantenho o espírito, mas deixo claro que não é verídico. Veja por exemplo a "notícia de jornal" abaixo:
Divulguei-a assim:
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Ficticiolândia, 15 de abril de 2008.
Eu, Maria José Pau, gostaria de saber da possibilidade de se abolir o sobrenome Pau do meu nome, já que a presença do Pau tem me deixado embaraçada em várias situações. Desde já, antecipo agradecimento e peço deferimento.
Maria José Pau.
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Resposta do tribunal:
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Cara Senhora Pau,
Sobre sua solicitação da remoção do Pau, gostaríamos de dizer que a nova legislação permite a retirada do seu Pau, mas o processo é complicado. Se o Pau tiver sido adquirido após o casamento, o processo é mais fácil, pois, afinal de contas, ninguém é obrigado a usar o Pau do marido se não quiser. Se o Pau for de seu pai, se torna mais difícil, pois o Pau a que nos referimos é de família e vem sido usado por várias gerações. Se a senhora tiver irmãos ou irmãs, a retirada do Pau a tornaria diferente do resto da família. Cortar o Pau de seu pai pode ser algo que venha a chateá-lo. Outro problema, porém, está no fato de seu nome conter apenas nomes próprios e ficará estranho caso não haja nada para colocar no lugar do Pau. Isso sem falar que, caso tenha sido adquirido após casamento, as pessoas estranharão muito ao saber que a senhora não possui mais o Pau de seu marido. Uma opção viável seria a troca de ordem dos nomes. Se a senhora colocar o Pau na frente da Maria e atrás do José, o Pau pode ser escondido, por que a senhora poderia assinar seu nome como Maria P. José. Nossa opinião é que esse preconceito contra este nome já acabou há muito tempo e que, já que a senhora usou o Pau de seu marido há tanto tempo, não custa usar um pouco mais. Eu mesmo possuo Pinto, sempre o usei, e muito poucas vezes o Pinto me causou embaraços.
Atenciosamente,
José Pinto Silva - Desembargador
Tribunal de Justiça - Ficticiolândia, BR.
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A quem me enviou o hoax acima, enviei o seguinte link: http://luiscarlosgusmao.
Uma parte do tempo que dedico a responder e-mails, passo tentanto combater a desinformação. Quando recebo algo falso, normalmente respondo com um esclarecimento.
Um outro problema na internet é a apocrifia. Por favor desconfie que Arnaldo Jabor, Clarice Lispector, Drummond, Gabriel Garcia Márquez, Jorge Luis Borges, Luis Fernando Veríssimo e Mário Quintana não são autores daqueles textos mal escritos. Na dúvida, consulte o site http://www.blassoc.com.br/bettyvidigalapocrifia.htm.
Voce provavelmente acha que eu dou muita importancia ao que não é importante. Eu penso que desinformação é um assunto sério.
IMITAÇÕES
ResponderExcluirArnaldo Jabor
A ‘cornidão’ é um sentimento nacional
"Sou vítima de escritores-fantasmas que se escondem na internet. Já reclamei disso, mas não adianta, os falsários continuam forjando minhas pobres moedas. A ‘rede’ tem artigo com meu nome falando das mulheres de bundinha dura, tem uma defesa sensual da celulite, tem um famoso artigo meio veado sobre a beleza dos gaúchos, saudado com viril alegria por homenzarrões que me agarram na rua: ‘Ché, tua escritura estava macanuda, trilegal!’ Eu nego aos bigodudos ter escrito aquele ditirambo farroupilha, mas falo num tom vago, para não ser esculachado: ‘Tu não escreveste? Então tu não amas nossas ‘prendas’ lindas, e negas ter escrito que a gente já nasce montado num bagual? E que por baixo do poncho também bate um coração? Tu tás tirando o seu da reta, ché?’ — e me aponta o dedo, de bombachas e faca de prata. Apareceu agora um artigo sobre a ‘mulher brasileira’ e logo chega a menina sorrindo: ‘Finalmente, alguém diz a verdade sobre as mulheres na internet! Mandei isso pra mil amigas, principalmente porque você diz: ‘Elas são tão cheirosinhas... elas fazem biquinho e deitam no teu ombro...’ e ‘quando a mão dele toca tua nuca, tu derretes feito manteiga’ ou ‘elas têm horror a qualquer carninha saindo da calça de cintura, tão baixa que o cós acaba!’...
‘Eu jamais escreveria ‘cós acaba!’, minha filha!’. ‘Ah... Não seja modesto! É a melhor coisa que você já fez!’ — e sai rebolando, feliz....
Agora surgiu mais um, onde eu ensino aos homens do meu Brasil como evitar chifres, como não serem cornos, ou ‘córnos’? Todos nós já levamos nossas chifradinhas (saibamos ou não...), mas não sou um especialista nessa desdita. E o texto é de amargar:
‘As ‘mulheres modernas’ têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 30 aos 38 anos, elas querem fazer sexo todos os dias, e nem precisa dizer que se não for com você... Nem pense em provocar ‘ciuminhos’ vãos. Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres. Quem não dá assistência, abre concorrência e perde a preferência’. Assinado, eu.
Que vou fazer? Sei que a cornologia é uma ciência respeitável. Conheço vários tipos famosos de chifrudos, como o ‘corno Papai Noel’ — aquele que não vai embora por causa das crianças, sei do ‘corno asmático’, que chega em casa avisando a mulher com tosse e assobio, ouvi falar do vacilante ‘corno cético’, que vê a mulher entrar no motel com o grande Ricardo e pensa: ‘O que me mata é essa dúvida...’ E, claro, o magnífico ‘corno churrasquinho’, aquele que põe a mão no fogo pela mulher..."
(continua no próximo comentário)
(continuação do comentário anterior)
ResponderExcluir"O corno é um solitário. Ninguém tem pena dele; até os amigos exultam quando surge um novo corno na praça. ‘Antes ele do que eu’, pensam, como nos velórios. O corno é objeto de riso. Quem sofre pelos chifres alheios? Uma boa infidelidade acaba com a onipotência de qualquer um. ‘Eu sou craque com mulher...’ e paff!... lá vem o chifre, e o sujeito cai na sarjeta mais próxima.
O corno sofre sozinho, com pena de si mesmo, e ainda por cima, depois de Freud, dizem que ele é culpado pelos próprios chifres. Ou, pior, que ele não passa de uma boneca enrustida que ‘desejava’ a traição, por oblíquo amor ao Ricardão. E, se ele se recuperar rápido demais, causa desconfiança, por falta de hombridade. O corno compreensivo, progressista, é visto apenas como ‘manso’.
Ao corno não adianta reclamar, pois o mal já foi feito: nada refará a virgindade conjugal perdida. Raramente, os cafajestes são cornos, ao contrário do que se pensa. Em geral, os bonzinhos é que dançam, pelo erro de dar garantias de vida à mulher. Mulher só ama o impalpável, e o cafajeste tem uma aura mitológica. Mulher detesta homem frágil, que pede ajuda. É chifre na certa (cartas feministas à redação...), o que lhe faz apaixonado pela mulher traidora. A dor da paixão é seu consolo. A mulher não é corna, a mulher até se consagra com a traição do homem — mártir e heroína de um amor perdido.
Hoje em dia, o brasileiro está em pânico com os chifres porque se sente corneado na vida real. Acabamos de levar mais um chifre na Copa, com o Zidane comendo nossos craques, nós que confiávamos tanto neles. Choramos em meio-fios e botequins as lágrimas da ingratidão. Somos cornos na política também, com deputados, senadores e o Lula fazendo conosco o que ricardões executam com nossas mulheres. Com os mensaleiros se candidatando de novo, com os sanguessugas impunes, com o PMDB nos Correios, estamos com uma galhada florescente nas cabeças. Humilhados e ofendidos, e não temos a quem nos queixar.
A propósito, recebi outro dia um e-mail de um corno ‘histórico ou político’, para quem a crise nacional e a crise pessoal se misturam numa única dor:
‘Boa tarde, meu caro Arnaldo. Após ler sua coluna sobre as traições da política, me senti como um namorado traÍdo que esperava uma entrega total por parte de sua namorada, pois há um bom tempo estávamos planejando morar juntos. Para minha surpresa, o que recebi como resposta aos meus anseios foi aquela famosa frase: ‘Sente aqui que precisamos conversar’... Um calafrio correu em minha espinha, e o inimaginável aconteceu. Ela decidiu que cada um iria em direção oposta ao outro. A decepção tomou conta de mim, pois aquilo que de bonito havia em minha vida transformou-se em frustração. Eu me senti com a dor causada pelo fracasso gigantesco na Copa. Do alto de meus 37 anos, vejo que sou apenas mais um refém da situação caótica em que vivemos neste País de Ladrões, Políticos Corruptos e Governantes Marionetes... Hoje, é difícil bater no peito e dizer que sou Brasileiro. É angustiante e estarrecedor ver que até os jogadores não são mais brasileiros, venderam-se por um punhado de dólares e esqueceram suas origens. Aí, vos pergunto, seu Arnaldo: ‘Esse País está fadado ao fracasso, ou posso sonhar com a volta de minha amada?
Atenciosamente...’
Está aí. Imito minha imitações, mas é tudo verdade. Podem publicar na internet. Eu negarei que tenha escrito."
Publicado nO Globo em 11 de julho de 2006.