O humor é pra mim um assunto sério, e certamente é um terreno onde a questão se coloca. É impossível fazer humor sem ferir susce(p)tibilidades. Há anos não era raro se chatearem comigo por causa de brincadeiras. Atualmente é menos freqüente, mas às vezes acontece. Acho que melhorei em sensibilidade ou bom senso.
Em 2005 ocorreu uma controvérsia de proporções internacionais a seguir à publicação, pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, de 12 cartoons, a maioria dos quais retratava o profeta Maomé. A controvérsia já rendeu tudo que podia, inclusive muita exploração política e a tentativa de assassinato de um dos cartunistas!
Em 2005 ocorreu uma controvérsia de proporções internacionais a seguir à publicação, pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten, de 12 cartoons, a maioria dos quais retratava o profeta Maomé. A controvérsia já rendeu tudo que podia, inclusive muita exploração política e a tentativa de assassinato de um dos cartunistas!
Sensibilidade e bom senso
Com maioria de razão, estes dois atributos devem ser usados em tudo o que tenha impacto na opinião pública. A dita “liberdade de expressão”, se não for balizada por estes dois factores, corre o risco de ser de mau gosto, ofensiva e de provocar reacções incontroladas. Claro que já adivinharam onde quero chegar. Desde que me conheço que defendo esta liberdade fundamental mas, sinceramente, não vejo de que forma é que ela foi bem servida com a publicação dos “benditos” cartoons na Dinamarca e, sobretudo, com a exaustiva repetição dessa publicação por toda a Europa.
E, como tenho a “mania da conspiração” (será mesmo?), pergunto-me a quem serve esta algazarra toda, quase seis meses depois da publicação original. Neste momento, a Europa “arma-se aos cucos” e aparece, perante o mundo árabe, como a “má da fita” e, extraordinariamente, os EUA adoptam uma posição “equilibrada”. E a famosa “Al Qaeda”, que ninguém sabe bem o que é, tem ainda mais razões para continuar os atentados. Dá que pensar…
Para que não me interpretem mal, é claro que condeno as reacções de violência do mundo árabe. Mas, sinceramente e dados os antecedentes em questões muito menos importantes, esperava-se que fosse diferente?
Sejamos absolutamente claros: quem os publicou e quem reproduziu não teve sensibilidade e, muito menos, bom senso. Exerceu a sua “liberdade de expressão”, claro. Sem ter em conta qualquer tipo de consequências. Podia fazê-lo? Sim. Foi responsável fazê-lo? Não.
E agora uma data de “bem intencionados” e “intelectuais” grita que temos que apoiar a Dinamarca. Mas apoiar a Dinamarca em quê? Há uma guerra a decorrer? Vamos esperar que não e, sobretudo, que exista sensibilidade e bom senso para sarar mais este ferida entre dois mundos que têm que se entender.
P.S.: Podia ter ilustrado este post com um dos cartoons. Recebi-os por mail inúmeras vezes. Mas, pura e simplesmente, recuso-me a fazê-lo.
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Eu não subscrevo a opinião a respeito da publicação e repetição dos cartoons. Mas concordo plenamente que é necessário ter sensibilidade e bom senso em tudo o que tenha impacto na opinião pública, ou opinião alheia.
Vou tentar:
Apesar de não ter nenhuma religião (pelo menos não que eu saiba, já que são infinitos os caminhos de Alá), acho que há maneiras mais elegantes e inteligentes de se se criticar uma religião ou um símbolo. Todo ato comunicativo se propõe um sentido e uma mensagem; me parece que estes cartoons procuram apenas o deboche e o ataque; portanto se tornam excessivos e dispensáveis. Não nos fazem refletir sobre a religiosidade muçulmana, apenas a afrontam.
ResponderExcluirWhy did Jyllands-Posten publish the cartoons? The Copenhagen Post explains: “Jyllands-Posten called for and printed the cartoons by various Danish illustrators, after reports that artists were refusing to illustrate works about Islam, out of fear of fundamendalist retribution. The newspaper said it printed the cartoons as a test of whether Muslim fundamentalists had begun affecting the freedom of expression in Denmark.”
ResponderExcluir(Em http://blog.newspaperindex.com/2005/12/10/un-to-investigate-jyllands-posten-racism )
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu não fui afrontado pelos cartoons dinamarqueses. Sentir-se afrontado depende apenas em parte da mensagem, e pode depender muito do receptor.
ResponderExcluirCabe lembrar que muitas das pessoas que sentiram-se ofendidas pelos cartoons têm como verdade absoluta o seguinte: é proibido representar graficamente a figura do profeta Maomé. Note que nem se entra no mérito da natureza da representação.
Nem todo ato comunicativo deve ter o propósito de provocar reflexões a respeito de um tema. Penso que a afirmação anterior também será válida se o tema for o Islã.
E se a comunicação envolver humor? Qual o propósito do humor? Qual a matéria-prima do humor? Quais os aspectos que são explorados no humor?
Proponho um exercício: criar uma peça humorística cujo tema seja o Islã. Tal peça deverá, ao mesmo tempo, ser risível para não-islâmicos, e não-ofensiva para islâmicos.
A respeito do atentado no passado dia 2:
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Em Islamabad, Paquistão, o que se pensa ter sido um carro armadilhado explodiu na rua da embaixada da Dinamarca, vitimando 5 pessoas e ferido outras 35.
Um relatório oficial descreve duas das vítimas como sendo polícias paquistaneses, enquanto o Ministro dos Negócios Estrangeiros adiantou que uma das outras vitimas foi um funcionário paquistanês que era um dos seguranças da embaixada.
Este atentado acontece depois de Ayman al-Zawahri, o número 2 da Al-Qaida ter recentemente apelado para serem realizados ataques a “alvos Dinamarqueses” como resposta a publicação de cartoons do profeta Maomé na imprensa Dinamarquesa. al-Zawahri gravou um vídeo onde incitava “que todos os muçulmanos que possam magoar a Dinamarca que o façam em suporte do Profeta, a paz de Deus esteva com ele, e em defesa do seu estatuto”. Este vídeo foi feito público no dia 21 de Abril.
No final de Abril, os serviços de inteligência Dinamarqueses avisaram as autoridades Paquistanesas sobre um aumento da probabilidade de um ataque terrorista.”
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(De http://www.portalateu.com/2008/06/02/881/)
Ver também http://news.yahoo.com/s/ap/20080602/ap_on_re_as/pakistan .
O endereço saiu cortado no comentário anterior. Clique aqui .
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