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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A minha rôla não está podre!

No Sábado, 23/02/2008, entre 1 e 2 da manhã, estávamos num certo bar/restaurante localizado num centro comercial, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

Eu estava no sanitário, e vi que um dos garçons havia acabado de urinar e saía dali sem ter lavado as mãos. Interpelei-o educadamente, e pedi que ele lavasse as mãos. Ele recusou-se, e justificou-se dizendo que lavaria as mãos "lá dentro".

Saí do sanitário a tempo de constatar que "lá dentro" era uma pia localizada atrás do balcão, próxima à entrada principal, onde são lavados copos e outros utensílios destinados ao serviço de mesa!

Dirigi-me ao balcão e voltei a falar com o referido garçom. Desta feita eu disse-lhe que ele havia cometido uma falta de higiene, e que a atitude dele prejudicaria a imagem do estabelecimento. Ele afirmou que suas mãos eram as mais limpas do local, pois ele as lavava "muitas vezes por dia", e finalizou com a pérola: "A minha rôla não está podre!"

Dirigi-me ao funcionário que trabalhava no "caixa" e informei que um dos garçons havia saído do sanitário sem lavar as mãos. Ele apenas fez um gesto com a cabeça, que provavelmente pretendia significar "Eu ouvi o que foi dito", e nada mais. Ele não perguntou quem foi o garçon, não chamou o gerente, e não me pediu desculpas pelo ocorrido!

Eu pensei que já tinha visto e ouvido de tudo, mas afinal ainda faltava algo, após tudo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Confusas reflexões.



Você confia demasiadamente nos juízos que a sua mente faz. Esta, por sua vez, superestima a credibilidade da visão. O resultado pode não ser dos melhores...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Posar com capa de LP vira mania na internet.

Um site que convida os internautas a posarem para fotos criando "corpos" para rostos em capas de disco virou mania na internet.

O site Sleeveface (Cara de Capa, em tradução livre) foi criado por um apresentador de rádio em Cardiff, no País de Gales. Os internautas, ou sleevefacers, enviam as fotos em que posam com as capas de LPs ao site, que as publica. O site também disponibilizou as fotos no YouTube e no Flickr, e mantém uma comunidade de 5 mil membros no site de relacionamentos Facebook. A idéia atraiu a atenção de colecionadores de vinil em várias partes do mundo e o site já recebeu contribuições de adeptos nos Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Rússia, Islândia, Israel e no Reino Unido. O apresentador John Rostron, que fundou o site, disse que algumas lojas especializadas em vinil entraram em contato dizendo que os clientes estavam tirando fotos com as capas dos discos dentro das lojas. Além disso, ele conta que uma grande loja em Londres está interessada em fazer uma exposição somente com Sleevefaces. O movimento teve tanto sucesso que uma editora americana está preparando um livro somente com as fotos do movimento. "Estamos pensando em fazer festas temáticas onde os Sleevefaces podem se encontrar. Já fizemos vários novos amigos", conta Rostron.

Vejam as fotos:

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Fé em Papai Noel.

A minha definição de "fé": configuração mental que faz com que um indivíduo aceite alegações questionáveis como sendo indubitavelmente verdadeiras, sem que existam provas ou evidências conclusivas.

Quando se trata da forma de encarar a vida, há apenas 2 grupos de pessoas: as que têm fé, e as que não têm.

Considero que viver é uma tarefa mais fácil para quem tem fé. É dificil assumir total responsabilidade pelo próprio destino, é duro encarar certas realidades, é raro encontrar sentido para a existência. Há confortos e facilidades disponíveis apenas para quem tem fé.

"Alguém que tem fé não questiona as raízes desta fé, porque sabe que se a submetesse ao exame crítico do seu intelecto, acabaria sem fé. A mesma coisa pode ser dita a respeito de qualquer sentimento. Você pode analisar qualquer sentimento até o fim, mas ao fazê-lo, você acaba sem o sentimento e com uma vida sem sentido."

Se é mais fácil viver com fé, por que não fazê-lo? Penso que não é possível optar por ter fé, ou decidir ter fé. Ou se é capaz de tê-la, ou não se é.

Você acredita em Papai Noel, ou no Coelho da Páscoa? Eu te desafio a realmente acreditar. Você não consegue, não é? Por que?!? O que mudou desde que você tinha 4 anos de idade?

Na minha opinião, a capacidade de ter fé tem a ver com quantidades e qualidades de conhecimento, experiência, e carência.

Para quem não tem fé, aceitar certas alegações é como acreditar em Papai Noel...

"Se você tem uma crença, estatisticamente é muitíssimo provável que seja a mesma crença que seus pais e avós tinham. Sem dúvida que catedrais imponentes, música inspiradora, estórias comoventes e fábulas ajudam um pouco. Mas, de longe, a variável mais importante na definição da sua crença é a circunstância acidental do nascimento. As convicções nas quais você acredita tão passionalmente seriam outras, completamente diferentes, e predominantemente opostas, se por acaso você tivesse nascido numa situação diferente."



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Bicho inteligente!






Sabe quando você vai carregar um celular pré-pago num agente da operadora? Você recebe um ticket emitido por uma maquininha que parece um terminal de pagamento em cartão de crédito/débito, não é?

Pois é... a tecnologia chegou aos pontos de "jogo do bicho"...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ana Virginia Sardinha.

O caso é real. Eu assinei a petição . É possível acompanhar o caso ali .

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Amigos Vieirenses,

Ando sumida dos e-mails e eventos com vocês, não que eu queira, ao contrário, quem me dera ter hoje a paz de espírito para desfrutar da companhia de vocês: minha família está passando por uma grave situação, que nunca imaginei acontecer.

Envio para vocês tomarem conhecimento e me ajudar a divulgar o que aconteceu com minha irmã e meu sobrinho a tres meses em Lisboa.

O link http://www.petitiononline.com/sardinha/petition.html leva a um abaixo assinado que estou promovendo junto aos blogueiros brasileiros e entidades internacionais, a ser encaminhado ao presidente Lula. Se puderem assinar e divulgar, ficarei muito grata.

No Vidas Alternativas, programa em Portugal, já saiu anteriormente toda a história, inclusive tem uma reportagem comigo postada em áudio no site http://va.vidasalternativas.eu/?p=375.

Saudações Vieirenses e beijos a todos.

--
Sds,
Ana Rosa Sardinha Lima
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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Degustação de vinho em Minas

- Hummm...
- Hummm...
- Eca!!!
- Eca?! Quem falou Eca?
- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?
- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...
- Putaquepariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo?!
- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?
- Cebesta, eu não! Sou isso não senhor!! Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!
- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!
- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é?
- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...
- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!
- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...
- Mais num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim!
- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...
- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...
- O senhor poderia começar com um Beaujolais!
- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!
- Então, que tal um mais encorpado?
- Óia lá, ocê tá brincano com fogo...
- Ou, então, um suave fresco!
- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!
- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!
- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, memo! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...
- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?
- E que tal a mão no pédovido, hein, seu fióte de Belzebu?
- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?
- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!
- Mole e redondo, com bouquet forte?
- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...

Luiz Fernando Veríssimo

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Uma blitz na perna do Y.

Eu nao sou de puxar o saco das forças da lei e da ordem, mas desta vez tenho de parabenizar a PM-BA pelo espirito libertário de uma ação que está em curso neste momento.

Na Avenida Centenário, no sentido Garibaldi-Barra, está a decorrer uma operação policial que chamarei de "blitz na perna do Y". Infelizmente nao sou versado em taticas policiais, o que explica esta denominação esquisita, provavelmente incorreta.

A polícia montou uma "barreira" a aproximadamente 100 m do HABIB'S, imediatamente antes da interseção com a rua Deocleciano Barreto (em amarelo no mapa). Trata-se precisamente da perna direita da bifurcação que transforma a avenida em 2 vias: a que dá acesso ao Jardim Brasil (Shopping Barra), e a que dá acesso à orla (Av. Oceânica).

Cabe salientar que antes da referida bifurcação há uma via que conduz à rua Deocleciano Barreto. Assim, um motorista que não esteja com documentos em ordem, ou tenha furtado um veículo, ou esteja portando uma arma, ou tenha raptado alguém, ou tenha praticado um assalto e esteja em fuga, ou inexplicavelmente deseje abrir mão do inenarrável prazer de interagir com agentes da lei, tem 2 alternativas pra evitar a "barreira", pois esta é perfeitamente visível de uma distancia segura.

Autogestão.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Elogio da tolice

Os outros irmãos são incapazes de frases brilhantes, por isso vamos ficando com as tiradas de Ivan:

"(...) quanto mais banal se é, quanto mais perto da verdade se fica, mais clareza se consegue. A tolice é concisa e não tem astúcias, enquanto que a inteligência manobra e se esconde. A inteligência é desleal, a tolice é franca e honesta."

Ivan Karamazov

Misantropo, eu? (2)

"Nunca fui capaz de compreender como é que podemos amar nosso próximo. É precisamente o próximo, na minha opinião, que nos é impossível amar; no máximo pode-se amar o 'distante'."

Ivan Karamazov

A moda é cada um que faz.

Gilmar e eu fomos visitar minha mãe no hospital. Ele foi barrado por estar vestindo uma calça "capri", naquele momento considerada um bermudão. O funcionário da portaria é um cara simpático, atencioso, zeloso, etc. Ele estava cumprindo uma norma. Compreendemos.

Entrei, Gil ficou na portaria. Passados alguns minutos, chegou Gilmar. Ele havia conseguido entrar, após ter providenciado um complemento para a calça, complemento este feito com sacos plásticos novos e fita adesiva recém-adquirida num supermercado próximo.

A enfermeira que estava cuidando de minha mãe considerou a solução inteligente, mas salientou que ele não estava "gatinho".

Na saída, brincamos com o funcionário da portaria, e agradecemos. Este declarou que "a moda é cada um que faz".

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Espairecendo.

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M - Aonde você vai?

H - Vou sair um pouco.

M - Vai de carro?

H - Sim.

M - Tem gasolina?

H - Sim... coloquei.

M - Vai demorar?

H - Não... coisa de uma hora.

M - Vai a algum lugar específico?

H - Não... só rodar por aí.

M- Não prefere ir a pé?

H - Não... vou de carro.

M - Traz um sorvete pra mim!

H - Trago. Que sabor?

M - Manga.

H - OK... na volta eu passo e compro.

M - Na volta?

H - Sim... senão derrete.

M - Passa lá, compra, e deixa aqui.

H - Não... melhor não! Na volta... é rápido!

M - Ahhhhh!

H - Quando eu voltar eu tomo com você!

M - Mas você não gosta de manga!

H - Eu compro outro... de outro sabor.

M - Aí fica caro.... traz de cupuaçu!

H - Eu não gosto também.

M - Traz de chocolate... nós dois gostamos.

H - OK! Beijo... volto logo...

M - Ei!

H - O que?

M - Chocolate não... flocos.

H - Não gosto de flocos!

M - Então traz de manga pra mim e o que quiser pra você.

H - Foi o que sugeri desde o começo!

M - Você está sendo irônico?

H - Não... tô não! Vou indo.

M - Vem aqui me dar um beijo de despedida!

H - Querida! Eu volto logo... depois.

M - Depois não.... quero agora!

H - Ta bom! (beijo)

M - Vai com o seu carro ou com o meu?

H - Com o meu.

M - Vai com o meu... tem CD player... o seu não!

H - Não vou ouvir música... vou espairecer...

M - Tá precisando?

H - Não sei... vou ver quando sair!

M - Demora não!

H - É rápido... (abre a porta)

M - Ei!

H - Que foi agora?

M - Nossa! Que grosso! Vai embora!

H - Calma... eu estou tentando sair e não consigo!

M - Porque quer ir sozinho? Vai encontrar alguém?

H - O que quer dizer?

M - Nada... nada não!

H - Vem cá... acha que estou te traindo?

M - Não... claro que não... mas sabe como é...

H - Como é o quê?

M - Homens...

H - Generalizando ou falando de mim?

M - Generalizando.

H - Então não é meu caso. Você sabe que eu não faria isso!

M - Ta bom... então vai.

H - Vou.

M - Ei!

H - Que foi cacete?

M - Leva o celular, estúpido!

H - Pra quê? Pra você ficar me ligando?

M - Não... caso aconteça algo, você vai estar com o celular...

H - Não... pode deixar...

M - Olha... desculpa pela desconfiança. Estou com saudade... só isso!

H - OK meu amor... desculpe se fui grosso. Eu te amo!

M - Eu também!

M - Posso futricar no seu celular?

H - Pra quê?

M - Sei lá! Joguinho!

H - Você quer meu celular pra jogar?

M - É.

H - Tem certeza?

M - Sim.

H - Liga o computador. Lá tem um monte de joguinhos!

M - Não sei mexer naquela lata velha!

H - Lata velha? Comprei pra gente, mês passado!

M - Ta. Então leva o celular senão eu vou futricar...

H - Pode mexer então. Não tem nada lá mesmo...

M - É?

H - É.

M - Então onde está?

H - O quê?

M - O que deveria estar no celular mas não está...

H - Como?!?

M - Nada! Esquece!

H - Ta nervosa?

M - Não... tô não...

H - Então vou!

M - Ei!

H - Que ééééééé?!?

M - Não quero mais sorvete não!

H - Ah é?

M - É!

H - Então eu também não vou sair mais não!

M - Ah é?

H - É.

M - Oba! Vai ficar comigo?

H - Não. Cansei. Vou dormir!

M - Prefere dormir do que ficar comigo?

H - Não... vou dormir, só isso!

M - Está nervoso?

H - Claro porra!!!

M - Por que você não vai dar uma volta pra espairecer?
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Dura constatação

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Há problemas que não fazem parte da vida, e sim da luta para alcançar a vida.
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Lisboa 2007/2008.

Estou aqui em Lisboa ha quase 1 mês. Passou voando! Nao posto neste blog desde o dia 5/dez, creio. Falta de infra-estrutura.

Quanto à vida real, eu nao estava preparado pro frio, e nao me lembrava como era viver assim. Nao que seja extremamente frio, mas às vezes é bem desagradavel.

Tambem nao estava preparado pra estar longe de Salvador neste final de ano. Tendo chegado aqui no dia 7/dez, depois de 1 ano ausente, estava sem ambiente, em epoca "natalicia".

Vim às pressas, vim por causa de problemas urgentes, nao foi a melhor das motivações.

Lisboa continua a mesma. A estabilidade por aqui é impressionante pra quem vem de uma sociedade cordabambense.

Estou num cyber cafe, nao estou à vontade no momento, vou ficar por aqui. Vou tentar ir postando de vez em quando, e com imagens.

Bom 2008 !

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Epicuro e a Morte

Muitas pessoas sensatas me tomam por um espírito pessimista, amargo e dado à melancolia; enfim, um animal triste. Obviamente elas estão certas, característica recorrente dos sensatos. Mas vou aproveitar um texto de Epicuro para demonstrar que mesmo uma pessoa que escolheu o cinismo desesperançado como estilo de vida pode ter lampejos de otimismo. Aí vai:

"Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, já que para aqueles ela não existe, ao passo que estes não estão mais aqui".

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Optimismo

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I think that God in creating Man somewhat overestimated his ability.
"
- Oscar Wilde

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Mar Português.

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa)

Visões.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Bora BAHIA minha porra!

Eu nao me interesso por noticias.

Por acaso no jornal de ontem vi um titulo a respeito de Lisboa e Salvador. Peguei o jornal, li a materia, achei interessante, soube que haveria outras materias sobre o tema nas edições de hoje, amanha e quarta-feira, então pedi a Célia que comprasse o jornal. Ela voltou de maos vazias, me disse que tinha ido a 3 lugares, o jornal estava esgotado "por causa da tragedia". Eu nao sabia de tragedia alguma. Ela me informou que ontem houve um acidente no estádio da Fonte Nova, com pelo menos 7 mortos, e dezenas de feridos.

Durante a semana passada falou-se bastante no jogo Bahia versus Vila Nova, portanto ontem, no inicio da noite, ao ouvir buzinas e gritos, fui levado a crer que o "Baêa" havia conseguido o almejado acesso à "série B". Fiquei contente pelos pobres torcedores.

Ontem à noite não estive incomunicavel, na realidade ate dei uma saidinha rapida pra comer um crepe. Nada me fez suspeitar que havia ocorrido um acidente no estádio. Nao percebi nas pessoas sinais de consternação, revolta ou surpresa. Nao ouvi conversas a respeito do assunto. Nao recebi e-mails ou telefonemas. Provavelmente porque estamos acostumados ao baixo valor da vida, ao pouco caso com a segurança, e à impunidade.

Pelo menos um "trio elétrico" tocou após a tragédia, e não faltaram público e animação.

Como nao me interesso por noticias, apenas ha pouco tive conhecimento que um estudo apontava a Fonte Nova como o pior dos 29 estádios recentemente avaliados em 18 cidades brasileiras. Alguém que supostamente é responsavel pela segurança dos usuários daquele estádio certamente soube das suas pessimas condicoes muito antes de mim, e a tempo de evitar esta tragedia. Sou capaz de apostar que tal (ir)responsável não adotou providencias que a teriam evitado, e que este ato nao será considerado crime.

Considero trivial a tarefa de escrever noticias a respeito do Brasil. Basta preparar um texto-base, deixar alguns espaços em branco, e então preenchê-los com a natureza do acontecimento, datas, locais, nomes e quantidade de vitimas, nomes e cargos dos responsaveis que tentam fugir às suas responsabilidades, e nomes e cargos dos que tentam tirar proveito da situação.

Quanto à nossa sociedade, torço pra que um dia consigamos sair da "série C".





sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Banalidades, bobagens e besteiras.

Essa é mais uma cronica do meu amigo Antonio Risério que me diverte muito. Ele é genial . Só não sei onde arranja tanta virilidade.


Banalidades, bobagens e besteiras
Antonio Risério


Escrever crônicas, coisa que nunca soube fazer direito, é como escrever memórias. Não me lembro quem foi o sujeito que disse que não escreveria suas memórias porque não era bom "ficcionista". Mas acho a frase esplêndida. Assim como acho esplêndido o que dizia o poeta Waly Salomão, filho de Xangô que celebrava Iemanjá: "a memória é uma ilha de edição".
Bem. São quase três horas da manhã. Capotei cedo hoje, depois de uma noite virada. Re-acordei agora, com uma saudade enorme de uma amiga que está morando no Rio de Janeiro, Lau Alencar. Uma vez, quis escrever um poema para ela. Mas queria que o som fosse de um poema provençal, de um texto occitânico, no Languedócio medieval. Comecei... e não passei de uma quadrinha, que no máximo serviria de "coda" e não estava de modo algum à altura daquelas canções feitas entre os séculos 11 e 13, antes da cruzada contra os cátaros. As canções de Guillem ("farai um vers de dreitz nien"), de Arnaut Daniel, de Marcabru, de Rimbaut d'Aurenga. Sei até cantar algumas delas (como a "chanson do il motz son plan e prim", de Arnaut). Mas fazer é outro papo. A quadrinha para Lau ficou pobre, assim:
Dizem que é de lã
Ou de coisa igual
Olha, ei-la, alva:
É a lua, Lau.
Muito pobre. Não tive pique pra continuar. Agora, quase sem dormir, menos ainda. Saí, ontem, com quatro amigas (Vanya, Balila, Fátima, Clarissa). E acabei trepando com uma moça que não conhecia, que nunca tinha visto, que me disse que se chamava Silvana. Espero que ela não tenha gostado muito, porque eu gostei, mas isso pode ser um problema. E, nesses últimos dias, tenho andado sem saco para tudo. Para as pessoas, a vida, o mundo. E com esse problema agora terrível, que é viver cercado de gente, recebendo convites para mil e uma coisas, boa parte dos quais não posso recusar. Escrevi, então, um e-mail para Lau (não iria telefonar de madrugada). Disse da minha saudade. E tenho mesmo: saudade de seus discursos radicais, de suas indignações impecáveis, mas, sobretudo, de sua carinha e de seus carinhos.
É claro que eu não gostaria de ser sozinho. Ninguém gosta de solidão. Mas também não gosto de ver muita gente. E sou obrigado a ver gente demais. Passaria uma semana bebendo com Vanya, Balila, Fátima e Clarissa, que, aliás, é gaúcha. Mas, infelizmente, o mundo não se resume a elas. Um amigo meu (não, não vou dizer o nome dele), outro dia, numa festa a que não podíamos faltar, me disse, em particular, uma frase maravilhosa: "eu adoro a humanidade, mas não gosto de gente". Entendi perfeitamente o que ele queria me dizer. Acho um porre ter de ficar cumprimentando pessoas, alimentando conversas que não me interessam, trocando abraços compulsórios, "fazendo o social". Já a caminho do final do meu segundo casamento, com a minha tão querida Dulce Maria, que hoje mora na Espanha, na Andaluzia, isto não deu nada certo. Ela insistia para que eu fosse a determinadas festas. Acabei cedendo. Na primeira que fui, encontrei um canalha que me cumprimentou efusivamente. Era pura hipocrisia. Disse a ele que me faria um grande favor se não falasse comigo. Dulce ficou puta da vida, é claro. Criei um constrangimento na casa. Mas disse a ela: é para você ver que é melhor eu não ir a certos lugares.
Ao mesmo tempo, como disse, não gostaria de ser sozinho. A solidão é uma coisa muito estranha. Seria perfeitamente tolerável, admito. Mas o problema é que produz uma coisa bem maior do que ela. Produz uma espécie de falta de sentido que considero apavorante. E não gosto da conversa de quem tenta adoçá-la com sonhos de segunda mão. Ao mesmo tempo, por que, ontem, fui trepar com Silvana? Não sei, também não faz muito sentido, a não ser pelo fato de que ela é muito, muito bonita. Mas e daí? De outra parte, quando meu amigo me disse que adorava a humanidade, mas não gostava de gente, disse a ele: "a solução é comer a Carla Visi". Bem, pra quem não sabe, Carla Visi é uma das lindas e gostosas estrelas do carnaval da Bahia, requebrando maravilhosamente em cima de trios elétricos e, por sinal, cantando bem. E espero que ela me desculpe pela frase infeliz. Mas é que não sei direito o que estou querendo dizer. Fica para uma outra e nova e bela e próxima oportunidade, ok? Até lá, quem quiser que coma outra.
Antonio Risério é poeta e antropólogo.

EU ODEIO A MARIÚSCA CRISTINA.

O texto que segue foi e-publicado em http://vip.abril.com.br/nova_vip/colunas/270/mulherhonesta_270.shtml .

Gostei muito. Profundidade, humor, humanidade.


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EU ODEIO A MARIÚSCA CRISTINA
PORQUE SER FELIZ É UMA DAS PIORES OFENSAS DO MUNDO

Por Tatiane Bernardi

Mariúsca Cristina tem bigode. Que ela tinge com blondor vagabundo e fica parecendo um gato de rua. Ela tem uma pancinha nojenta cheia de pêlos que ela também tinge com o mesmo blondor vagabundo. Sempre que pode, ela valoriza sua pancinha com alguma miniblusa de tecido vagabundo com brilhos e calça justérrima com barras de lantejoula.

Mariúsca Cristina, ou Mariúúúú para os colegas (pobre nunca fala que tem amigo, só tem colega), tem um sonho: conhecer o Cristo Redentor. E, nesse final de semana, Janderson, seu namorado que trabalha no ramo alimentício (ele limpa o banheiro de um restaurante), planejou pedi-la em casamento justamente no Cristo. Só que vai ser naquele cabeçudo de Serra Negra mesmo. Que é o que dá pra fazer.

Mariúsca vai aceitar, feliz da vida, e, para comemorar, o casal vai dormir em um hotel beira de estrada e pedir camarão. A última vez que Mariúúúú comeu camarão foi, foi... na verdade essa é a primeira vez que ela come camarão. Mais tarde Janderson vai acordar com a maior dor de barriga porque o camarão estava estragado, mas vai se recusar a passar mal, afinal, aquele danado do crustáceo custou mais de 20 reais ao casal. E eu odeio a Mariúsca, com toda a força do meu ser. Odeio sua voz de sonsa e seu sotaque entre o analfabeto e o mongolóide. Odeio que ela rebole sua bunda gigantesca como se uma bunda valesse qualquer diploma, livro, filme, viagem ou bom papo. Ela só tem aquela bunda e um pouco de talento para tirar cutículas. Mas o que eu mais odeio nessa vaca da Mariúsca é que ela tem a única coisa que eu quis ter a minha vida inteira e jamais consegui: ela é ininterruptamente feliz.

Janderson é baixinho, pobre, emberebado, burro. E fede. Mas ela o ama simplesmente porque resolveu que ama e nunca entrou em crise pra saber se ele é ou não bom o suficiente pra ela. Poxa, se ele a leva no Cristo e compra camarão deve ser o homem da sua vida. Seu emprego no salão de beleza de quinta categoria fica a três horas e meia da sua casa e paga 345 reais por mês. Mas a desgraçada faz todo o trajeto, ida e volta, na chuva ou no sol, andando ou parada, sorrindo.

Ela nunca conheceu seu pai, nem sabe quem é. Nem por isso faz de sua vida um drama. Aliás, ela odeia filme de drama. Aliás, ela odeia filme porque dá sono. Odeia ler também. O que ela gosta mesmo é de ver os programas dominicais com bandas de pagode. Ela não sofre porque não dá para ir a Paris todo mês ou porque o novo filme do Lars Von Trier tinha esgotado logo quando chegou sua vez. Aliás, ela nem sabe direito onde fica Paris e se você falar “Lars Von Trier” para ela, vai ouvir um “vai você, sua besta”.

QUEM É VEROTINA?
Mariúsca não sabe o que é Verotina. O remédio que o psiquiatra me passou pra ver se eu volto a ver um pouco de graça na vida. Verotina pra ela deve ser a nova manicure. Ou porque o nome é um pouco mais chique que Mariúsca, a nova cabeleireira. “Verotina, me corta um pouco as pontas.” Mas, se eu explicar pra ela que na verdade é “verotina, não me deixe cortar os pulsos”, ela não vai entender nada. Certamente ela me diria:“Mas com uma vida tão linda, cheia de Jandersons, colegas da condução, blondor, camarões, bandas de pagode e cristos cabeçudos de Serra Negra, como é que um ser humano vai querer morrer?”.

Mariúsca não sabe que mesmo eu fazendo musculação três vezes por semana, corrida duas e drenagem uma, ainda acho que deveria ter uma lei que me proibisse de andar sem canga pelas areias de Maresias. Ela também não sabe o desespero que é você ler, ler e ler, e continuar sabendo que não leu nem um quinto do que deveria ter lido pra ser alguém minimamente culto. Ela não sabe a agonia que é estar parado no trânsito da Rebouças com tantas praias lindas no Brasil e tantos cafés perfeitos na Europa. Ela não sabe como é terrível esperar que apareça alguém pra me fazer feliz se eu mesma sou incapaz disso.

Ai, Mariúsca! Você me arrancou um bife! E ela se mata de rir da minha desgraça.

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Em Salvador, Bahia.





quinta-feira, 22 de novembro de 2007